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Santa Catarina,31/07/2025

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Supermercados de bairro versus atacarejos: Quem ganha a disputa pelo consumidor pós-inflação?

Mudanças no perfil de consumo provocam redes a rever estratégias; atacarejos ganham espaço com giro rápido e portfólio enxuto

Rede Alcateia
Supermercados de bairro versus atacarejos: Quem ganha a disputa pelo consumidor pós-inflação? Reprodução

O cenário econômico brasileiro no primeiro semestre de 2024 mostra sinais de desaceleração na inflação, mas o comportamento do consumidor já passou por uma transformação. Após quase dois anos de pressão sobre os preços dos alimentos, o brasileiro médio adotou novos hábitos: compras menores, mais frequentes e focadas no essencial. Esse novo perfil reacendeu um antigo debate no setor varejista: supermercados de bairro ou atacarejos, quem está, de fato, ganhando a preferência da população?

De acordo com dados recentes da NielsenIQ, os atacarejos seguem em crescimento, consolidando-se como o canal preferido das classes C e D, especialmente em regiões periféricas e centros urbanos com alto fluxo. O giro acelerado, o portfólio reduzido e a otimização logística desses estabelecimentos contribuem para preços mais competitivos. Enquanto isso, supermercados de bairro, embora mantenham forte apelo pela conveniência e relação de proximidade, enfrentam dificuldades para sustentar margens diante do aumento de custos.

“O consumidor popular não está apenas buscando preço, ele está buscando previsibilidade”, afirma André Luiz Lages Machado, empresário com mais de 20 anos de atuação no varejo e atacado alimentar. 

Segundo ele, o modelo de atacarejo encontrou um ponto de equilíbrio entre o preço do atacado e a experiência do varejo. “O que funciona hoje é o formato híbrido. Oferecemos embalagens econômicas, mas em um ambiente acessível ao pequeno comerciante e à dona de casa. É um espaço democrático”, explica.

A Rio Atacadão, localizada dentro do CEASA, tem se destacado nesse formato. “Estamos no coração do abastecimento da cidade. Isso nos permite giro rápido, menos ruptura de estoque e mais capacidade de negociação com fornecedores”, pontua.

André também observa uma mudança no perfil do cliente: mais informado, mais atento às promoções reais e com maior uso de comparadores de preço digitais. “Hoje a dona de casa compara o preço da margarina pelo celular antes de sair de casa. Esse novo comportamento exige que o varejista seja transparente e mais eficiente em sua comunicação e entrega”, destaca.

Entrevista com o Especialista

André Luiz Lages Machado

Empresário e especialista em varejo alimentar

Entrevistador: O que mudou de forma mais radical no consumidor popular desde o período de alta inflacionária?

André: Ele ficou mais seletivo e mais racional. Antes, havia uma compra emocional, guiada pela marca. Agora, o fator decisivo é o custo-benefício. As pessoas querem levar o máximo gastando o mínimo — e sem abrir mão de qualidade mínima.

Entrevistador: Como o atacarejo responde a essa nova demanda?

André: Reduzindo etapas. O atacarejo tradicionaliza-se como um elo direto entre distribuidor e consumidor final. Temos estrutura logística para escoar rápido, sem ficar refém da sazonalidade. Isso gera preço competitivo e disponibilidade.

Entrevistador: E os supermercados de bairro, ainda têm espaço?

André: Claro. Eles cumprem um papel complementar, sobretudo para públicos mais idosos ou em regiões onde deslocamento é um fator limitante. Mas precisam se reinventar. Os que conseguirem integrar tecnologia e melhorar negociação com fornecedores vão sobreviver.

O mercado de alimentos no Brasil pós-inflação não será mais o mesmo. A disputa entre os modelos de negócio não é de exclusão, mas de adaptação. Enquanto supermercados de bairro investem em proximidade e atendimento personalizado, os atacarejos seguem dominando o volume com inteligência logística e foco no essencial.

Nessa nova configuração, empresários como André Luiz Lages Machado demonstram que a capacidade de ler o comportamento do consumidor e agir com agilidade será o divisor de águas entre sobreviver e prosperar. O desafio é constante — mas as respostas já começam a surgir com clareza nos corredores dos atacarejos espalhados pelo país.






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