Crise no Varejo Reacende Debate Sobre Governança e Estratégia Financeira no Setor
Grandes redes anunciam cortes e fechamentos de lojas em todo o Brasil; especialistas avaliam os erros de expansão, alavancagem e falta de planejamento de longo prazo.

O varejo brasileiro enfrenta uma de suas fases mais desafiadoras desde o início da pandemia. Em meio a uma recuperação econômica lenta e mudanças no comportamento do consumidor, grandes redes varejistas têm anunciado o fechamento de lojas e reestruturações significativas. A crise da Americanas, que veio à tona em 2023 devido a inconsistências contábeis bilionárias, continua a impactar o setor, servindo como um alerta sobre a importância da governança corporativa e do planejamento estratégico.
Desde o final de 2024, a Americanas encerrou as atividades de mais de 200 lojas em todo o país, incluindo unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. A empresa, que entrou em recuperação judicial, busca ajustar sua operação para torná-la mais sustentável, enfrentando desafios como a reconquista da confiança de consumidores e investidores.
Para entender os desdobramentos dessa crise e suas implicações para o setor varejista, consultamos Alexandre Gorla, especialista em valuation e reorganização estratégica. Gorla possui vasta experiência em planejamento financeiro e gestão de riscos, tendo atuado em diversos projetos de reestruturação empresarial ao longo de sua trajetória.
Alexandre Gorla - Especialista em Valuation e Reorganização Estratégica.
Segundo Gorla, "a crise da Americanas evidencia a necessidade de uma gestão financeira robusta e transparente. A falta de controles adequados e a expansão desenfreada sem uma análise criteriosa dos riscos podem levar a consequências desastrosas. É fundamental que as empresas do setor invistam em governança corporativa e planejamento estratégico de longo prazo para garantir sua sustentabilidade."
Ele destaca ainda que a adoção de práticas de compliance e a implementação de sistemas de controle interno são essenciais para prevenir fraudes e garantir a confiança dos stakeholders. "Empresas que negligenciam esses aspectos estão mais suscetíveis a crises e à perda de valor de mercado", afirma.
A crise no varejo também levanta questões sobre a adaptabilidade das empresas às mudanças no comportamento do consumidor, especialmente com o crescimento do comércio eletrônico. Gorla ressalta que "a integração entre canais físicos e digitais deve ser feita de forma estratégica, considerando as particularidades de cada mercado e as necessidades dos clientes."
Em meio a esse cenário, especialistas apontam que a recuperação do setor dependerá da capacidade das empresas em revisar seus modelos de negócios, fortalecer sua estrutura financeira e investir em inovação. A crise atual serve como um chamado à ação para que o varejo brasileiro se reinvente e esteja preparado para os desafios futuros.
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