Microbiota Intestinal: Novo Aliado na Prevenção de Doenças Crônicas e Transtornos Mentais
Pesquisas brasileiras mostram como a alimentação personalizada e o equilíbrio da flora intestinal podem transformar o cuidado clínico em adultos e idosos.

Nos últimos anos, a ciência tem avançado na compreensão da microbiota intestinal como peça-chave para o equilíbrio físico e mental. Em 2023, estudos publicados em periódicos como Frontiers in Microbiology e Nature Reviews reforçam a conexão direta entre saúde intestinal, doenças crônicas metabólicas e transtornos mentais como depressão e ansiedade. No Brasil, pesquisadores vêm investigando como estratégias nutricionais podem modular a flora intestinal e impactar positivamente a saúde de adultos e idosos.
Segundo especialistas, fatores como uso prolongado de antibióticos, dietas pobres em fibras e estresse crônico contribuem para o desequilíbrio da microbiota — condição conhecida como disbiose. A consequência pode ser o agravamento de doenças inflamatórias, cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até alterações neurocomportamentais.
Consultada pela reportagem, a nutricionista clínica Vitória Carolina, especialista em nutrigenômica e microbiota intestinal, que atua com foco em práticas funcionais e hospitalares, explica que o cuidado com o intestino deve ser parte do tratamento preventivo em diferentes contextos. “Já não se trata apenas de digestão. Hoje, sabemos que o intestino atua como eixo de comunicação com o cérebro e com o sistema imune. Cuidar da microbiota é investir na saúde integral do paciente”, afirma.
Entre 2020 e 2022, lecionou disciplinas como Fisiopatologia e Dietoterapia no Centro Universitário UNIDESC, onde também orientou trabalhos científicos voltados à programação fetal e ao papel da microbiota na saúde metabólica. Simultaneamente, atuou como nutricionista clínica no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), e, mais tarde, no Instituto de Formação Profissional das Américas (IFPA), reforçando sua vivência hospitalar e acadêmica.
“Na prática clínica, observamos que intervenções simples — como o aumento de consumo de fibras solúveis, uso de prebióticos e ajuste do padrão alimentar — podem melhorar marcadores inflamatórios e até a qualidade do sono”, relata. Segundo ela, o cuidado personalizado com o intestino tem sido especialmente eficaz entre idosos com baixa diversidade microbiana intestinal, um fator comum no envelhecimento.
Pesquisas nacionais, como a da USP e da Universidade Federal do Paraná, têm contribuído para consolidar diretrizes sobre alimentação baseada na modulação da microbiota, o que reforça o papel do nutricionista como peça estratégica no sistema de saúde.
Para os especialistas, o desafio agora é garantir que o conhecimento científico chegue à ponta: o paciente. “Educação nutricional e atualização profissional são fundamentais para transformar o que descobrimos no laboratório em resultado real na vida das pessoas”, conclui.
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